Aniam

Notícias

Dois terços das armas vendidas no 1º tri são de calibres antes restritos no brasil

Publicado em: 29/06/2020


DOIS TERçOS DAS ARMAS VENDIDAS NO 1º TRI SãO DE CALIBRES ANTES RESTRITOS NO BRASIL

DOIS TERçOS DAS ARMAS VENDIDAS NO 1º TRI SãO DE CALIBRES ANTES RESTRITOS NO BRASIL

A receita da Taurus Armas no mercado brasileiro aumentou em 52% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2019. Foram 52,1 mil unidades vendidas, um salto de 111,2% na comparação com as vendas de janeiro a março do ano passado.

De acordo com Salesio Nuhs, presidente da Taurus, o resultado da companhia reflete a liberação de calibres até então com vendas restritas no mercado brasileiro, o que inclui pistolas calibre ponto 40, calibre ponto 45 e 9 milímetros, modelos que têm maior valor agregado.

''Com a ampliação da relação dos calibres permitidos, hoje essas vendas representam dois terços do tal'', explica Nuhs. O volume, segundo ele, deve permanecer nos próximos trimestres.

''Não posso antecipar resultados, mas o consumidor brasileiro tem características próximas do americano e essa abertura de mercado indica que temos um novo patamar de vendas aqui'', diz.

Antes do decreto do governo de Jair Bolsonaro no ano passado, a Taurus podia oferecer basicamente o calibre 38 e 380 no mercado de armas doméstico, um universo bem menor do que o existente nos EUA.

PRODUÇÃO

A pandemia de covid-19 não afetou a produção de armas da Taurus no 1º trimestre, uma vez que a atividade da empresa foi classificada como essencial e não houve parada nas fábricas.

A companhia produziu 263 mil unidades de armas no 1º trimestre, sendo 82,9% desse total na fábrica do Brasil e 17,1% na nova unidade dos Estados Unidos. A produção foi 15% menor do que a observada no primeiro trimestre de 2019.

A queda foi puxada pelo recuo de 51% na produção nos EUA devido, principalmente, à transferência e curva de aprendizagem das atividades na nova fábrica.

''Fizemos estoque no último trimestre do ano passado para a mudança da fábrica para a Geórgia. Precisávamos ter a certeza de que todos os funcionários estivessem bem treinado, porque é mão de obra nova. A produção foi menor, mas dentro do previsto'', explica o presidente da Taurus.

Essa tendência de queda na produção da fábrica americana deve se reverter nos próximos trimestres, segundo Nuhs.

IMPACTO DO DÓLAR

O resultado da Taurus no primeiro trimestre foi fortemente afetado pelo aumento das despesas financeiras devido à valorização do dólar ante o real.

As despesas financeiras que saltaram de R$ 16,2 milhões para R$ 209,2 milhões em um ano, sendo que, desse total, R$ 195,4 milhões, ou 93,4%, são referentes às variações cambiais.

''Fomos penalizados pelo dólar na dívida. No último dia do trimestre o dólar atingiu o pico de 33,4% de valorização trimestral, só que o dólar médio subiu 18% no período'', explica Nuhs, evidenciando o 'descasamento' da receita, que é majoritariamente em dólar devido à atuação internacional da empresa, com o pagamento das dívidas.

''Nesse trimestre isso deve ser corrigido e aí no primeiro semestre receita e dívida ficam impactadas de forma igual'', explica.

A companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 157,1 milhões no 1º trimestre de 2020, revertendo um lucro de R$ 4 milhões observado no mesmo trimestre do ano passado.

DÍVIDA

Em 25 de junho a Taurus havia informado ao mercado a assinatura junto a bancos o prorrogamento da dívida por 31 meses, permitindo que a empresa dilua as parcelas do principal da dívida (exceto os juros) em seu fluxo de caixa para os próximos meses.

''Se tivéssemos feito o pagamento em junho, ficaríamos com o fluxo de caixa justo e, com a pandemia, podemos ter alguma dificuldade com fornecedor. Como dependemos deles, negociamos com os bancos para ter caixa de precisar fazer compras antecipadas ou à vista. Hoje não estamos com o caixa estrangulado e não precisamos pagar agora com o dólar tão alto'', conta Nuhs.

Fonte: Valor Investe-SP - 29/06/2020 - WEB<br/><br/>