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Com seu 2º melhor resultado histórico, Taurus mira EUA, Índia, dividendos e recompra de ações

Publicado em: 22/03/2023

*LRCA Defense Consulting - 22/03/2023

No decorrer dos últimos anos, a Taurus ganhou participação no mercado norte-americano e se firmou como a empresa líder mundial no setor em termos de volume de vendas, lucro bruto (e sua margem), Ebitda (e sua margem) e, também, destacou-se finalizando o ano de 2022 com um caixa recorde em sua história.

Ao analisar os números de seu balanço ontem divulgado, é necessário considerar que o ano de 2021 para a Taurus e para todas as fabricantes americanas de armamento leve foi um ano completamente atípico, haja vista a "tempestade perfeita" ocorrida devido às eleições americanas, à pandemia e aos distúrbios civis nos EUA, fatores que levaram a uma demanda nunca antes vista e que dificilmente se repetirá.

Assim, em alguns parâmetros, o desempenho da Taurus é comparado com o de suas congêneres americanas Ruger e Smith & Wesson, duas das maiores e mais conceituadas empresas mundiais fabricantes de armamento leve. Com isso, é possível ter uma ideia abalizada sobre o desempenho, o crescimento e as perspectivas da multinacional brasileira, sem se deixar levar apenas por comparações ano a ano ou influenciar por fatores atinentes apenas ao mercado nacional.

Com custos de produção bastante competitivos e as despesas sob controle, foi possível à empresa continuar com eficiência operacional e margens de rentabilidade elevadas, muito superiores às de empresas estrangeiras do setor.

No exercício de 2022, a Taurus registrou margem bruta de 45,7%, ante 30,2% da Ruger e 35,8% da Smith & Wesson, reforçando que essa última empresa encerrou seu exercício social em janeiro/2023, incluindo, portanto, o resultado do mês de dezembro de 2021, quando o mercado norte-americano ainda se apresentava fortemente demandante.

A Taurus apresentou um Ebitda de R$ 795,5 milhões e margem Ebitda de 31,3% em 2022, enquanto a Ruger apresentou margem Ebitda de 22,1% e a Smith & Wesson (cujo último exercício foi encerrado em janeiro/2023) teve margem Ebitda de 23,8%.

Assim, o forte desempenho de 2022 coloca a Taurus, mais uma vez, em posição bastante diferenciada em relação às principais empresas concorrentes nos EUA, onde está o seu maior mercado.

Estrategicamente, o preço médio de vendas de armas da empresa cresce continuamente. Em 2022, foi de R$ 1.268,1, com alta de 14,1% em relação ao ano anterior, e de 79,0% quando comparado ao preço médio de vendas de 2018, quando a atual gestão da Companhia assumiu.

Segundos melhores resultados da história da Taurus
No acumulado do exercício de 2022, a receita líquida consolidada da Taurus totalizou R$ 2,54 bilhões, atingindo pela segunda vez na história patamar superior a R$ 2 bilhões.

No acumulado de 2022, o lucro bruto somou R$ 1.160,4 milhões, também o segundo melhor resultado bruto da história da Taurus, superando em 47,3% o lucro bruto registrado em 2020.

Em termos de lucro líquido, no acumulado do ano, a Companhia registrou o segundo maior resultado de sua história, com o valor de R$ 520,0 milhões, resultado superior em 167,6% ao lucro líquido disponível em 2021 (após a eliminação de prejuízos acumulados e realização de reserva legal) e margem sobre a receita líquida de 20,5%.

Vale destacar que o lucro líquido ajustado do exercício de 2022 (após constituição de reserva legal, reserva de incentivos fiscais e ajuste de avaliação patrimonial), base para o cálculo do pagamento de dividendos, foi de R$ 468,8 milhões, montante superior em R$ 274,5 milhões ou 141,3% quando comparado ao lucro líquido ajustado ano de 2021, de R$ 194,3 milhões.

Ao mesmo tempo, a empresa manteve alto nível de rentabilidade operacional, característica de sua operação, com Ebitda de R$ 795,5 milhões e margem Ebitda de 31,3% em 2022, registrando assim o seu segundo maior Ebitda em um ano, que superou em 67,7% o apurado no exercício de 2020. O fato reafirma o atributo da multinacional brasileira de ser uma empresa forte geradora de caixa.

Dívida e alavancagem reduzidas
No decorrer dos últimos 12 meses, a dívida bruta bancária da Taurus foi reduzida em R$ 205,1 milhões, passando de R$ 693,3 milhões em 31/12/2021 para R$ 488,2 milhões no enceramento do exercício de 2022. Ao mesmo tempo, a empresa ampliou sua posição de caixa e aplicações financeiras em 28,1% (R$ 72,2 milhões), chegando ao final de 2022 com saldo de R$ 328,7 milhões. Isso foi possível em função da forte geração de caixa da Taurus. Assim, o endividamento bancário líquido em 31/12/2022 era de R$ 159,5 milhões, tendo sido reduzido em 63,5% (R$ 277,2 milhões) no decorrer do exercício.

Mantendo forte geração de caixa e, ao mesmo tempo, reduzindo de forma expressiva sua dívida bancária, a estrutura de capital da Taurus em 31/12/2022 mostrava uma posição amplamente desalavancada da Companhia, com o indicador medido pelo Ebitda/dívida líquida de 0,2x. Esse indicador demonstra que 20% da geração de caixa medida pelo Ebitda de 2022 seria suficiente para quitar a totalidade da dívida bancária registrada ao final do exercício.

Dividendos trimestrais e recompra de ações
O Conselho de Administração da empresa aprovou uma proposta de pagamento de dividendos a ser levada à Assembleia Geral Ordinária de pelo menos o montante obrigatório estabelecido no Estatuto Social, de 35% do lucro líquido ajustado, correspondendo ao valor de R$ 1,295620 por ação.

Aprovou também a criação de reserva estatutária em montante que proporcione a flexibilidade para vir a aprovar eventuais pagamentos de dividendos com maior periodicidade em 2023 e a possibilidade de criação de um programa de recompra de ações da Taurus, sempre mantendo uma caixa confortável – R$ 328,7 milhões em 31/12/2022 – na Companhia.

Assim sendo, além dos dividendos propostos, há R$ 304 milhões de flexibilidade para pagar dividendos intercalares durante 2023 e também para viabilizar um programa de recompra de ações. Apenas como mero exercício de suposição, caso a empresa destine R$ 100 milhões para serem usados nesse programa, o restante iria para os dividendos intercalares, o que poderia significar algo em torno de R$ 1,50/1,60 por ação, além do que já foi proposto (cerca de R$ 1,30). Somando-se o total de dividendos anuais de 2023 (cerca de R$ 2,80) com os benefícios da recompra de ações, o resultado irá ao encontro da intenção da Taurus, que é de remunerar condignamente seus acionistas.

Armas com grafeno nos EUA
Depois do lançamento no Brasil em julho/22, a Taurus finalmente estará lançando nos EUA, no 1T23, a pistola GX4 Graphene, primeira do mundo que utiliza o grafeno. O material agora é utilizado nas pistolas TS9 Grafeno e TS9c Grafeno, que serão lançadas no Brasil em abril, em conjunto com vários outros produtos inovadores, por ocasião da LAAD Defence & Security 2023 – Feira Internacional de Defesa e Segurança, maior feira de defesa da América Latina.

Law Enforcement
A Taurus hoje se apresenta como uma empresa sólida com modelo de gestão consolidada e focada no futuro, perseguindo sempre se manter como a maior fábrica de armas leves do mundo, seja por crescimento da demanda, pela sua competência de rapidamente se adaptar às tendências, ou por meio de aquisições e parcerias, principalmente focando o mercado de “law enforcement”, uma estratégia para acessar novo nicho de mercado nos EUA e a entrada em outros mercados policiais no resto do mundo.

Na live realizada hoje com a SaraInvest, o CEO Global da empresa, Salesio Nuhs, e seu CFO, Sérgio Sgrillo Filho, foram quase enfáticos ao afirmar que, neste ano, a Taurus buscará uma parceria, joint venture ou gestão de operação com uma empresa americana que já tenha tradição em Law Enforcement, a fim de facilitar o ingresso nesse enorme mercado, tanto nos EUA como no resto do mundo.

Acessoriamente e em termos de novidade, os executivos comentaram que isso também será uma opção premium para o consumidor civil que busca utilizar as armas de uso policial, o que representa outro mercado totalmente novo.

Esta editoria está convicta de que o ingresso nesses mercado se dará, principalmente, com a família de pistolas GX4, com possibilidade de incluir ainda a TS9 e TS9c, todas já com a adição de grafeno e outras tecnologias de ponta, como nióbio, DLC e polímero de fibras longas.

A propósito, em meados deste ano, a Taurus lançará a primeira arma com todas essas novas tecnologias.

Índia, Arábia Saudita e Emirados
Na Índia, além dos 425 mil fuzis que estão sendo licitados com a participação da Taurus, a empresa informou que foi prospectada a possibilidade de mais de 44 mil armas táticas e 90 mil pistolas, existindo ainda outras oportunidades de mais de 55 mil armas.

Na live de hoje, os executivos da Taurus comentaram que, durante a recente Feira em Abu Dhabi (IDEX 2023), surgiram boas perspectivas de crescimento no mercado da Arábia Saudita e Emirados. Lembrando que a empresa já montou uma subsidiária na Arábia Saudita em 2022.

 

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Fonte: Indústria de Defesa-BR - WEB